Ôh, senta aqui, minha gente, que hoje eu vou contar o causo de Dona Bibica e o Lixão da Esperança, uma história que começa fedendo, mas termina com cheiro de mudança.
O Lixão da Esperança
Lá pros lados do bairro Alto da Tartaruga, que de alto só tinha o nome e uma ladeira cheia de buraco, morava Dona Bibica. Uma mulher forte, daquelas que lavava roupa no tanque cantando moda de viola e ainda sobrava voz pra brigar com os netos e varrer a calçada.
Só que o bairro, minha gente…
Ah, o bairro vivia num sufoco! Sacola voando no ar igual pipa sem rabiola, garrafa pet na sarjeta, sofá velho encostado no poste. Um retrato feio, que nem retrato de gente sem espelho.
E o povo? Ah, o povo botava a culpa toda na prefeitura.
“Cadê o caminhão do lixo?”
“O prefeito só aparece em época de eleição!”
“Isso aqui tá virando lixão a céu aberto!”
Mas ninguém falava do vizinho que jogava bituca de cigarro no canteiro.
Nem da tia Zuleide, que despejava balde de água suja direto na rua.
Nem do seu Nivaldo, que varria a sujeira da loja pro meio-fio com a maior naturalidade do mundo, como quem varre o problema pra longe.
Foi aí que Dona Bibica, com seu avental florido e sua vassoura de piaçava, teve um sonho estranho.
No sonho, o bairro falava com ela.
Isso mesmo!
O bairro abriu a boca e disse:
“Bibica, tô sufocando.
Eu sou bonito, cheio de vida, mas tão me enterrando vivo em lixo.
Me ajuda, minha fia!”
No outro dia, ela acordou diferente.
Pegou papelão, canetão e escreveu:
“LIMPEZA NÃO É MILAGRE, É RESPEITO.
FAÇA SUA PARTE.”
Pregou no portão dela e ficou ali, de braços cruzados, olhando quem lia e quem fingia que não viu.
E foi assim, com um cartaz, uma vassoura e muita cara de coragem, que ela começou o movimento “Cada Um Limpa Seu Cantinho”.
Chamou a criançada, prometeu bala de hortelã pra quem ajudasse. Reuniu os vizinhos mais reclamões e disse:
“Se cada um varrer sua calçada, a rua inteira brilha! Limpeza urbana não é favor da prefeitura, é respeito pela casa que a gente mora!”
Teve resistência, teve deboche, teve até quem dissesse que Bibica tava doida.
Mas aos poucos, minha gente... o bairro começou a mudar.
O lixão virou praça.
O sofá abandonado virou banco de leitura.
A calçada virou espaço de conversa. E a prefeitura, vendo a mobilização, finalmente apareceu não pra ser cobrada, mas pra somar.
Moral do causo?
É que cidade é como quintal: se a gente não cuida, vira matagal.
Limpeza urbana não é um serviço, é um sentimento coletivo.
Não adianta só cobrar do alto se a gente suja aqui embaixo.
E como dizia Dona Bibica, varrendo a vida com esperança:
“Quem suja o mundo por dentro, suja por fora também.
Mas quem limpa o canto onde vive, clareia até o coração.”
E assim termina o causo do Lixão da Esperança, onde o lixo virou lição… e a mudança, começou na palma da mão.
Quer que eu continue com outros causos parecidos? É só dizer o tema que o contador já puxa a cadeira.
Esta e uma história fictícia seus locais e personagens não existem, em caso de semelhança foi por mero acaso.
***FIM***
Ordem e Progresso
Liberdade Ainda que Tardia
#ordemeprogresso #liberdadeaindaquetardia
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